terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O TECIDO ESPAÇO-TEMPO DE EINSTEIN (II)

Falemos agora um pouco do tempo.
O que é o tempo? Santo Agostinho, que viveu nos séculos IV e V de nossa era, disse com muita propriedade que, se ninguém lhe fizesse essa pergunta, ele saberia muito bem o que é o tempo, mas uma vez feita, ele já não teria condições de responder.

A impossibilidade para definir o que é o tempo decorre do fato de ele ser uma noção primária que está na origem de nossos conhecimentos.
Isso entretanto não significa que nada podemos dizer dele. O senso comum (não senso vulgar) percebe que ele passa de forma ininterrupta, numa só cadência e num único sentido, sem que possamos fazer nada para interromper ou modificar o seu fluxo.

Einstein, porém, fundado no postulado (ao qual ele já dá o nome de lei) da constância da velocidade da luz no espaço vazio, que teria sido indiscutivelmente revelada pela célebre experiência de Michelson-Morley, inclinou-se desde logo a pensar que a noção de tempo deveria ser relativa, já que cada sistema de inércia deveria ter, segundo ele, seu tempo particular.

Esse experimento consistiu no emprego de um aparelho chamado interferômetro que permitiria detectar diferenças na velocidade da luz segundo a direção seguida por ela, diferenças essas motivadas pelos movimentos da Terra no espaço sideral.

A par das possíveis deficiências do aparelho pelo baixo nível tecnológico do final do século XIX, já se podia prever que o resultado seria nulo, pois tanto o aparelho como as luzes e os observadores estavam num ambiente terrestre, sujeitos portanto à relatividade descoberta por Galileu (ver meu texto: "O marketing de Einstein"), pois estavam no mesmo sistema de inércia, como a bola de ping-pong num salão de navio que se desloca em águas plácidas.

O erro fundamental do físico alemão foi de opção. Ele buscava um absoluto e se via diante de dois supostos absolutos: a velocidade da luz e o tempo. Ele sacrificou o tempo!

Só a velocidade da luz seria uma constante em qualquer sistema de inércia do Universo e enquanto o tempo seria uma variável!
O absurdo dessa opção aparece cristalino quando nos lembramos da definição de velocidade: "relação entre espaço percorrido e tempo de percurso, no movimento uniforme".

O conceito de velocidade é pois essencialmente relativo, e precisa, para sua determinação, das prévias noções de espaço e de tempo. Ao relativizar o tempo, apoiado na constância da velocidade da luz, ele simplesmente fez a filha gerar seus pais!

Se isso não bastar, acuda-nos à inteligência a seguinte consideração: se o tempo é relativo e dependente da velocidade da luz, o que significaria o termo segundo na determinação dos 300 mil quilômetros por segundo? Já não seria nunca um segundo, como o concebemos, pois estaria modificado pela velocidade, a qual por sua vez seria modificada pela modificação do segundo, deixando de ser um valor absoluto. Parece a cobra que foi engolindo seu rabo e sumiu!!!

No próximo texto veremos a questão das quatro dimensões.


Autor: Renato Benevides