segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Certa evolução nada científica

O pouco senso crítico, normalmente atribuído à massa ignara, revela-se surpreendentemente presente em todas as áreas do conhecimento humano, inclusive — pasmem! — no meio científico. Essa afirmação contundente precisa ser comprovada de modo urgente, para não parecer pura bravata de quem não tem receio do ridículo.

Pois é justamente na continuação do tema que temos tratado — ciência e origem dos viventes — que vamos encontrar a demonstração patente do que afirmo.

A explicação darwiniana para a evolução dos seres vivos é hegemônica no meio científico, mesmo que não atinja a unanimidade. Isso é público e notório.
E, no entanto, a teoria de Darwin, tida e havida como totalmente comprovada no mundo das Ciências, revela-se uma não-ciência porque apóia-se em dois pilares que contrariam os princípios básicos que norteiam a ação científica.

Os dois pilares são a mutação aleatória dos viventes e a chamada seleção natural.
Quem tiver um mínimo de senso crítico e esteja disposto a usá-lo já pode perceber que uma teoria apoiada no aleatório, no acaso, não pode ser científica. A ciência explicativa busca regularidades na sequência dos eventos, verificando relações causais entre eles. É justamente isso que permite aos cientistas a verificação da validade de um experimento feito por algum de seus colegas.
Mas se o experimento for dependente do acaso, ele se torna irreproduzível, porque o acaso só muito por acaso se repete e o tal experimento jamais poderá ter a chancela de científico.

Os darwinistas se defendem dizendo que, se as mutações são aleatórias, a seleção natural não é, eliminando o fator casual. Eles apenas se esquecem de dizer como é que sabem que as mutações são mesmo aleatórias. Que parâmetro científico usam para tal afirmação? Se não sabem, como pode a seleção natural eliminar o que ninguém sabe?

Esses homens de ciência que seguem Darwin como um profeta parece que nunca leram A origem das espécies, pois o próprio naturalista inglês afirmou, de modo claro e insofismável: "Até aqui falei algumas vezes como se as variações [...] fossem devidas à casualidade. Isto, certamente, é uma expressão completamente incorreta, mas serve para confessar francamente nossa ignorância das causas de cada variação particular." (Darwin, A Origem das Espécies, São Paulo, Editora Escala, 2008, Tomo I,  2ª ed., p. 171.)

Mas eles insistem em afirmar que as mutações são aleatórias (sem qualquer prova disso) certamente para não dar qualquer chance para a intervenção de alguma inteligência desconhecida no início ou no correr do processo evolutivo. E eles conseguem seu objetivo através de uma poderosa ação de marketing, que, pela exaustiva repetição em todos os canais da mídia, fazem as pessoas crerem que de fato as mutações são aleatórias e isso estaria comprovado cientificamente.
Haja credulidade!

Quanto à tal seleção natural, deixo para análise no meu próximo texto.

autor:Renato Benevides

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um conceito estranho de ciência

Ainda na tentativa de aprimorar o senso crítico, volto a me referir à coluna de Marcelo Gleiser, de 13-02-2011, da Folha de São Paulo. Lá ele diz que "a ciência cria conhecimento por meio de um processo de tentativa e erro, baseado na verificação constante por grupos distintos que realizam experimentos para comprovar ou não as várias hipóteses propostas".
Baseando-nos nessa asserção (sem endossá-la totalmente), podemos perguntar quais foram os experimentos verificados por grupos distintos que comprovam a origem do homem? Já não falo aqui da origem da vida na Terra, mas do surgimento do próprio homem. Com toda a probabilidade somos resultado da evolução de alguma outra espécie, mas isso seguramente nunca foi comprovado por experimento nenhum. Logo, segundo Gleiser, não poderia ser tido como ciência comprovada, ao contrário do que ele afirmou linhas acima, o que dá margem a outras hipóteses e não ficamos amarrados a um "dogma científico" indiscutível.
Na verdade, o conceito ciência tem duas acepções distintas, ainda que complementares. Temos pois a ciência descritiva e a ciência explicativa. Aquela simplesmente descreve seres e fenômenos, com base na observação da realidade, sem a preocupação de saber suas origens ou as relações causais que explicam suas existências. A ciência explicativa, o próprio nome está dizendo, tem por objetivo entender porque um evento se segue a outro, quais são as forças que participam dos diversos fenômenos, num processo interativo.
Sob este ponto de vista, a origem da vida na Terra e a origem da humanidade não podem ser objeto de ciência descritiva, pois foram eventos que obviamente a nenhum humano foi dado observar. Quanto à ciência explicativa, também encontramos embaraços insuperáveis para usá-la com relação àquelas origens, pois não temos conhecimento das condições da época em que ocorreram. A pergunta sobre que forças podem ter atuado para produzir aqueles resultados fica sem resposta pela nossa total ignorância.
Querer simular aquelas condições, como muitos imaginam, é uma pretensão de ficção científica, pois para qualquer ambiente que criemos falta-nos o elemento de comparação que nos permita afirmarmos sua correspondência. É como tentar fazer o retrato falado de alguém que já morreu, sem ter nenhuma foto ou descrição de suas feições.
Restaria apenas a possibilidade de produzirmos agora a vida, a partir de matéria inorgânica, e um ser humano usando material genético rigorosamente não-humano. Quando e se conseguirmos isso, só então poderemos declarar que estamos fazendo ciência, na suposição de que as leis da natureza são imutáveis e o que acontece agora, deve ter acontecido no passado e permanecerá acontecendo no futuro. Até lá, essas origens não pertencem a nenhum ramo da ciência, a não ser a ciência especulativa, que, por meios puramente racionais, pode talvez dizer alguma coisa. E o debate pode muito bem propiciar luzes, sem serem embargadas por nenhum dogma, inclusive o dogma científico.
Voltarei a tratar do assunto daqui a alguns dias.

autor:Renato Benevides 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Defendendo que ciência?

Como exercício de senso crítico, tão ausente em nossos dias, aproveito um texto bem característico publicado por Marcelo Gleiser, em 13-02-2011, na Folha de São Paulo, com o título "Defendendo a ciência".
Lá ele se mostra indignado com as afirmações de Rainer Sousa, no portal www.brasilescola.com, no sentido de que a origem da vida é um tema polêmico e, sendo assim, cabe a cada um adotar, por critérios pessoais, a corrente explicativa (filosófica, religiosa ou científica) que lhe parece plausível.
Gleiser simplesmente não admite que um educador, em pleno século 21, dê liberdade ao leitor ou a seus alunos, para usar de suas próprias luzes "sobre um tema científico, amplamente discutido e comprovado, dos fósseis à análise genética". Para ele o tema já não permite nenhuma polêmica e a nossa inteligência, se não estiver satisfeita, ela que se dane.
A grande falha de uma determinada "comunidade científica" é não saber distinguir entre evolução dos seres vivos e origem dos seres vivos. Que os seres vivos evoluem, disso parece não restar dúvidas, bastando lembrar como até as bactérias se modificam para enfrentar os sucessivos antibióticos. Os fósseis também atestam que, em eras remotas, o ser humano não estava presente. O que isso prova com relação à origem da própria vida?
Houve um tempo (todos acreditam nisso) em que a nossa Terra não existia. Mesmo depois de formada, a vida estava totalmente ausente. Como surgiu ela então? Li numa apostila de pré-vestibular que, lá pelas folhas tantas, as moléculas adquiriram a capacidade de se reproduzir e de se auto-organizar. Adquiriram onde? Num supermercado primordial?
A origem da vida se perde na noite dos séculos e qualquer um que queira descrevê-la não está fazendo ciência, porque a verdadeira ciência exige comprovação. De nada adianta dizer que, milhões de anos atrás, havia uma sopa cósmica e condições favoráveis para o surgimento da vida.
Cabem aqui duas quadrinhas, de minha autoria:

No mundo das Ciências
há burrices notáveis.
Dizem que a vida surgiu
por condições favoráveis.

Pois lá na minha cidade
construíram um cartório.
Isso explica ter com Cida
contraído meu casório?

Outra patacoada dita científica é que a vida surgiu das erupções vulcânicas, o que me fez criar outra quadrinha:

Disseram que dos antigos vulcões
surgiu a vida um dia.
Parece que os vulcões d'agora
fizeram vasectomia.

Quer a tal "comunidade científica" melhores condições do que as que temos hoje? Por que não flagram o início de qualquer vida, que não seja originada de outro ser vivente, a chamada abiogênese?
Louis Pasteur, já no século XIX, peitou essa comunidade científica, afirmando que a vida só se originava de outra vida, desafiando para uma prova pública quem defendia a abiogênese. Todo mundo fugiu. Como fogem até hoje. O máximo que conseguem é produzir vírus sintéticos, seres absolutamente inertes por si mesmos e que só parecem ter vida pela atuação das células que os abrigam.
Com isso, a nossa inteligência percebe claramente que a origem da vida é mais do que polêmica, cabendo toda sorte de debate, e que nada está cientificamente provado, como quer o Marcelo Gleiser, defendendo, não a verdadeira ciência, mas uma ala da comunidade científica, que está longe da unanimidade.
Voltaremos ao assunto em breve.

autor:Renato Benevides