quinta-feira, 24 de março de 2011

EVOLUÇÃO

 
 “A origem das espécies”
me deixa meditabundo:
está cheio de razões,
sem nenhuma no fundo.

Começa com o acaso
fazendo mudança nos entes,
sendo todos eles
naturalmente viventes.

No entanto não conta,
no alterar os seres,
com a ajuda de Zeus,
de Minerva ou de Ceres.

Mas isto não explica
a complexidade do olho
e a razão normalmente
põe as barbas de molho.

Entra aí a seleção
chamada de natural
que guarda o que é bom
desprezando o que é mau.

Mas pra saber o que ajuda
no caminho da evolução,
ela precisa dispor
de muito tino e razão.

E percebemos então
que voltamos ao marco zero,
descobrindo que tudo
não passou de lero-lero.

Pra fazer, de um filamento,
um olho claro e bem limpo,
é preciso que a seleção
tenha morada no Olimpo.

autor: Renato Benevides

sexta-feira, 18 de março de 2011

A INCRÍVEL SELEÇÃO NATURAL


Já vimos, nos textos anteriores, que a Ciência tem duas acepções distintas, ainda que complementares. Temos pois a Ciência Descritiva, que relata o que se pode observar sem cuidar de explicações, como quem descreve uma paisagem litorânea, sem se importar de saber o porquê das marés, nem a origem dos ventos que balançam as folhas das palmeiras. Além dela, contamos com a Ciência Explicativa, que busca as relações necessárias entre os diversos eventos observados, buscando suas origens.
Isso posto, a evolução dos viventes parece se enquadrar mais na Ciência Descritiva, mesmo assim de modo transverso, pois a evolução que mais nos interessa é a de nossa própria espécie e não temos nenhum experimento científico que se possa alegar como prova de que somos o resultado da evolução de algum primata. Certamente é razoável aceitarmos essa origem, de vez que os viventes sofrem mutações no correr do tempo e não encontramos vestígios de seres humanos em terrenos datados de épocas muito antigas.
E, no entanto, Darwin pretendeu incluir a evolução dos viventes definitivamente no rol da Ciência Explicativa, através de sua teoria embasada na seleção natural. E surpreendentemente conseguiu seu objetivo, apesar de fornecer uma explicação que está a léguas de explicar algo. Essa minha afirmação parecerá estranha para a maioria dos leitores, acostumadíssimos a ler e ouvir que a teoria evolucionista de Darwin está mais do que provada e é absolutamente hegemônica no seio da Comunidade Científica.
Assim, só me resta apelar para a inteligência do leitor, expondo os absurdos que envolvem a teoria da seleção natural darwiniana e que deveriam impedir sua entronização nos altares da referida Comunidade Científica.
O título do famoso livro de Darwin — A Origem das Espécies por meio da Seleção Natural ou a preservação das raças favorecidas na luta pela vida — já nos fornece talvez a mais grave de suas inconsistências, pois atribui à luta pela vida a principal, senão única razão de invocar a existência da tal seleção natural, que preservaria as mutações favoráveis à sobrevivência de cada ser, decorrendo daí a contínua organização cada vez mais complexa dos seres vivos, a partir do mais simples protozoário até o surgimento dos seres humanos.
Isto se revela um total absurdo de vez que os protozoários continuam existindo sem a menor necessidade de se dotar de cabeça, tronco e membros, pulmão, coração, baço, glândulas, vascularização, cérebro, sistema nervoso central e por aí vai. Ah, não esqueçamos de que o homem tem múltiplas atividades e interesses que nada têm a ver com a luta pela sobrevivência, como sua paixão pelas artes e o prazer de uma cerveja a beira-mar, por exemplo. Além do mais, é de conhecimento de qualquer pessoa que os seres mais complexos, com uma imensidão de órgãos interdependentes, é muito mais vulnerável do que os seres simples, pois têm inumeráveis pontos vitais. Basta que um deles falhe para destruir todo o conjunto, tornando patente que a complexidade é antes um estorvo do que um benefício para a sobrevida. O enfoque pois da simples luta pela sobrevivência como agente de uma evolução dos protozoários até o ser humano é totalmente inepto, chegando ao ponto do ridículo.
Outra aberração gravíssima está no próprio conceito de seleção natural, tal como exposto por Darwin. Quem leu com atenção A Origem das Espécies deve ter percebido que todas as vezes em que o autor pretendeu dar uma definição de seleção natural ele claramente falhou no sentido das palavras. A expressão que caberia não seria seleção natural, mas persistência natural. O que está mais adaptado ao meio ambiente é o que tem mais condições de sobrevida, isto é óbvio, sem recorrermos a nenhum processo seletivo. Se substituirmos porém as expressões pelo seu significado correto, é facílimo verificar a incapacidade da teoria darwiniana explicar realmente qualquer evolução. Afinal até os rochedos mais duros persistem naturalmente sem necessidade de dividir-se em macho e fêmea, a produzir rochedinhos.
O absurdo se torna ainda mais grave quando se tem em conta que o próprio Darwin reconheceu que "No sentido literal da palavra, indubitavelmente, seleção natural é uma expressão falsa". Como é que se usa uma expressão falsa para explicar alguma coisa se se pode usar a verdadeira expressão? Certamente porque a intenção é confundir e não esclarecer.
Muito mais se pode dizer, mas chega de dar murro em ponta de faca. O marketing pró-Darwin é tão poderoso que inutiliza o senso crítico da sociedade humana, inclusive da nossa respeitável Comunidade Científica.

autor: Renato Benevides